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27 maio 2013

Desafio 10 dias de vida analógica - Dia 10 (final)

Engraçado como um desafio de 10 dias pode mudar totalmente a sua vida, já não me sinto o mesmo. Esse desafio conseguiu me atingir muito além do que o proposto. O objetivo inicial era ver o quanto existem coisas legais no mundo analógico, no mundo off-line, e o impacto foi bem maior do que o esperado.

Nesses 10 dias percebi que eu passava muito tempo conectado, seja na frente do computador, seja no iPhone, seja no iPad. Sempre estava com algum dispositivo conectado perto de mim, e não raras as vezes eu me via distraído e ansioso. Pois bem, as vezes me sentia ansioso por querer ler alguma mensagem no Whatsapp e me sentia na obrigação de responder rapidamente algum e-mail. Assim como eu, muita gente se sente assim.

Durante todos os dias desse desafio eu decidi fechar um pouco os olhos para o mundo digital e me entregar no mundo analógico... mundo que a gente pode tocar. E cada dia, cada desafio, fui descobrindo e redescobrindo, novos e antigos prazeres respectivamente.

Os aprendizados foram diários e cada etapa do desafio me ensinou algo muito importante. O desafio pode ser resumido como:

  • Dia 1: a máquina de escrever me mostrou uma coisa muito interessante, o foco, escrever (ou datilografar) mostrou o porque as pessoas estão mais improdutivas no computador, quando se escreve em uma máquina de escrever você percebe que existe uma página em branco, as teclas e você mesmo, não há distrações, por isso o trabalho rende melhor. No computador temos notificações e distrações o tempo todo. Foi quando tirei um aprendizado muito importante: na hora de escrever ou trabalhar, o melhor é desligar todas as notificações de e-mail, redes sociais e quaisquer outros itens que fiquem tirando sua concentração. É preciso de FOCO para produzir.
  • Dia 2: O coração para mim não é um símbolo de amor romântico como é para a maioria, o coração é um símbolo de carinho, de compaixão. Ter um coração para carimbar cartas, mãos, objetos e o que mais eu quiser, é lembrar a mim e as pessoas que num mundo tão agitado e corrido as pessoas acabam esquecendo de mostrar umas as outras o quanto se importa com elas, um bilhete com um carimbo de coração escrito bom dia na mesa do trabalho da pessoa que todos os dias está ao seu lado pode trazer sorrisos e tornar o dia da pessoa muito melhor. Demonstrar carinho é fundamental.
  • Dia 3: Aprender crochê foi resgatar gerações e gerações da minha família em um costume familiar, nunca pensei que teria paciência, mas nesse dia do desafio aprendi a gostar. Muita coisas da cultura da sua família são importantes de serem sempre repassadas, isso faz com que a cultura familiar seja sempre continua, e seus familiares vão ficar muito feliz por saber que você se interessa pela sua raíz familiar.
  • Dia 4: Escrever a punho, parece que deixamos de fazer isso não é mesmo? Sempre estamos digitando, no computador, no tablet, no celular, mas quantas vezes ao dia você realmente pega um caneta ou lápis e produz algum conteúdo assim de forma analógica? A minha escolha foi ter sempre perto de mim a minha moleskine, e registrar nela de forma analógica as minhas idéias mais preciosas.
  • Dia 5: Esse dia foi muito importante para mim, enviar cartas pelo correio escritas a punho para pessoas que eu trouxe do mundo virtual para o analógico, pessoas que viraram amigos, cada uma a sua forma. Falar para esses amigos o que cada um deles significa para mim foi muito especial, eu deixei em cada palavra o sinal do meu carinho e admiração por cada um. Essas coisas são tão importantes de serem ditas.
  • Dia 6: Acho que foi o dia mais intenso, aprender fazer amigurumi foi uma coisa muito difícil, é um trabalho muito detalhado e exige muita atenção e empenho, foram horas a fio fazendo o boneco, e eu não teria conseguido sem minha mãe, foi um daqueles momentos de mãe e filho produzir algo juntos sabe? Um daqueles dias que você jamais vai se esquecer.
  • Dia 7: A meditação já faz parte da minha rotina há muitos anos, mas nos últimos meses eu dei uma relaxada, portanto nesse dia afirmar esse compromisso e voltar a meditar constantemente foi um resgate e também um prazer. Mostrar um pouco dessa arte para vocês foi muito importante para mim, pois sei que é uma prática que pode beneficiar a todos.
  • Dia 8: Voltar a ler Mangás, que alegria, que nostalgia! Tantas histórias, tanta cultura, tanta felicidade em forma de histórias em quadrinhos. É preciso manter viva e resgatar a criança que vive dentro de nós. Um amor do passado de volta a minha realidade, para nunca mais sair.
  • Dia 9: Transformar um objeto antigo em decoração é algo que adoro fazer, tenho vários objetos assim. Esse foi especial, e estará sempre ao meu lado, o lembrete aqui é claro: ATEMPORAL. Nossa vida pode mudar muitas vezes, mas jamais devemos esquecer daquilo que a gente tem de bom, de melhor, nunca devemos esquecer nossos princípios, e esse objeto me traz essa metáfora de que a gente se transforma, mas nossa essência não deve ser mudada.
E agora vocês me perguntam: O que você fez no dia 10? Pois bem, no dia 10 eu decidi fazer uma coisa bem radical, passar 24 horas desplugado da internet, foi um dia 100% analógico.

De repente as horas do dia analógico foram se passando, e o dia parecia maior, mais longo e com muito mais tempo, nesse dia eu pude acordar mais cedo, tomar um belo café da manhã, ler livros, arrumar o quarto, almoçar em família, passear, passeei a tarde toda com mamãe, a noite minha irmã veio em casa e fizemos pizza, as horas pareciam intermináveis, então decidi ler mais um pouco, e no final da noite vi alguns episódios de seriado. Foi um dos dias mais longos da minha vida, e eu não senti falta da internet, pelo contrário me senti livre, como se tivesse rompendo um ciclo vicioso.

Nada de internet, nada de redes sociais, nada de check-in no foursquare, nada de perder tempo olhando o tempo todo na tela do iPhone. Foi um dia analógico.

Foi dia de estar com a pessoa que mais amo no mundo...


Foi dia de ir para uma cidadezinha que tenho um carinho afetivo, onde fiz faculdade...


Foi dia de abraçar uma árvore...


Foi dia de olhar para novos ângulos...


Foi dia de conhecer um novo Sebo...


De tomar sorvete ouvindo os pássaros cantarem...


Foi dia de tocar o céu azul e florido...


Foi dia de entrar em uma floricultura...


Foi assim, analógico, descontraído, mágico e feliz. Foi assim que terminou esse lindo desafio e me transformou em uma pessoa com um olhar diferente para a tecnologia, com um olhar mais diferente para o mundo a minha volta. A tecnologia deve servir como apoio a nossa vida e não como objetivo principal. Quero mais dias analógicos, quero mais momentos analógicos, quero uma vida mais analógica e menos digital. E assim você descobre nas páginas de um livro budista um parágrafo que resume esse desafio:

"Em geral estamos muito familiarizados pelo segundo tipo de preguiça - sentir atração por coisas sem sentido ou não virtuosas. Incorremos nela sempre que assistimos televisão horas a fio sem prestar atenção no que estamos vendo, quando alimentamos prolongadas conversas insignificantes ou nos envolvemos em esportes ou negócios arriscados. Tais atividades consomem nossa energia de praticar o Darma. Embora pareçam agradáveis ou inofensivas, destruindo a oportunidade de atingir uma felicidade verdadeira e duradoura." (GYATSO, Geshe Kelsang. Introdução ao Budismo)

Vamos abrir nossos olhos para como estamos gerindo nosso tempo on-line e fora dele. Vamos abrir os olhos e descobrir que a vida analógica é o que de fato nos faz feliz.

3 comentários:

Romero disse...

Mesmo sendo da área de TI, eu questiono muito até onde a tecnologia e facilidade de comunicação vão nos levar. Parece que o que está próximo à gente nunca é mais interessante do que alguém no whatsapp ou algo do tipo.
Se você não vê alguém online no Facebook por uns dias, ou não vê nenhum post dela, você já fica agoniado, é como se aquilo fosse o único meio de comunicação...
Tudo isso é muito preocupante.
Muito boa a iniciativa do desafio =D

Tecnoboy disse...

Eu também sempre me questiono as mesmas coisas que você... a tecnologia veio para facilitar, mas será que ela também não nos atrapalha no final de contas? Eu acho que é bem isso, ela ajuda por um lado e atrapalha muito por outro... uma pena.

Deise disse...

Sei que o post é antigo, masss bateu curiosidade de buscar um pouco sobre experiências analógicas e parei aqui... Vi na TV a cabo uma discussão sobre pessoas analógicas e parece que sempre que se refere ao tema fala-se de dinossauros e não de pessoas. Ouvi o absurdo de que usar o celular pra falar é coisa do passado; fala sério!

Sou analógica SIM, não porque quero ser diferente, mas porque estar diariamente contectada aumenta meu nível de ansiedade. Sou feliz assim; sei usar a tecnologia, mas faço com muita parcimônia, geralmente para fins práticos e de trabalho.

Sem ser saudosista (pq afinal tb não quero voltar à máquina de escrever), mas não é um luxo dedicar tempo ao mundo off-line (real)? Lindo post!